Dificilmente elogio efusivamente um livro. Mas
não há como negar que Boneco de Neve,
obra do escritor norueguês Jo Nesbo, publicado no Brasil pela Record, cuja obra
tive acesso já em sua 10ª edição (2017), com 420 páginas, é daqueles thrillers que te prendem do início ao
fim. Você não quer largar o livro antes de saber o final da trama!!!!
Imagem: https://www.estantevirtual.com.br/
Dividido em 5 partes, Boneco de Neve retrata a caçada do detetive de Oslo, Harry Hole –
um nome americano demais, eu diria – a um serial
killer que, antes de assassinar suas vítimas (perfil: mulheres casadas, com
filhos), constrói o dito boneco próximo às casas em que habitam, aproveitando a
primeira nevada da temporada.
Acompanham Hole nessa caçada – diga-se de
passagem que o personagem central é protagonista de outras 10 obras do autor [O
morcego / Baratas / Garganta Vermelha / Casa da Dor / A Estrela do Diabo / O
Redentor / O Leopardo / O Fantasma / Polícia, além de um ainda não publicado no
Brasil, The Thirst (A sede)], o que
de uma certa forma é quase inverossímil, dado o estado em que chega nesta – alcoólatra,
se separando da mulher que ama e com a qual criava um filho, que não era seu[1]] –
são o Skarre, um colega cético; Hölm, o perito; e a nova Katrine Bratt, recém-chegada
da delegacia da pequena cidade de Bergen, que posteriormente – a cidade – vem a
se mostrar central para trama.
A
narrativa inicia-se com um flashback,
recurso que é retomado de vez em quando para esclarecer ao leitor a origem de
determinados pontos, isto sem perder o empuxo que é determinado pelo autor,
frenético. Em determinado momento – acredito que com 2/3 do livro, ou seja, lá
pela página 300, o leitor já tenha algumas teorias a respeito do assassino – o que
quer dizer que não é uma estória inacessível no sentido de que as pistas dadas
são suficientes para se chegar bem próximo de quem seria o assassino. Apesar
disso, não é possível se ter certeza absoluta.
Mas
o grande gancho no qual Nesbo fisga o leitor é que este se vê torcendo pela sua
teoria – que aí já deve estar evidente em termos de que é a correta – ser confirmada
e que o protagonista, em desabalada carreira – Harry Hole parece estar sempre
prestes a obter a solução do mistério e a ter que sair correndo para fechar uma
lacuna – possa prender ou alcançar aquele que é o objeto de seus piores pesadelos,
num ritmo muito próximo do filme Catch Me
If You Can, com Leonardo Di Caprio e Tom Hanks. Aliás, diga-se de passagem,
Boneco de Neve virou filme também, tendo Michael
Fassbender no papel de Hole.
Assim
sendo, julgamos este como um daqueles livros que, para quem gosta de um bom
suspense e ação de primeira, deve estar na sua prateleira. Para terminar, levando-se
em conta a pequena história de vida do autor, entende-se porque seu protagonista
é um outsider, no sentido de ser
alguém externo ao lado confortável da vida que a sociedade nos impõe como
padrão, algo que torna mais compreensível o universo em que seus personagens se
inserem, o que não deixa de ser sedutor para a maioria dos leitores:
Foto: https://www1.folha.uol.com.br/ |
Before becoming a crime
writer, Nesbo played football for Norway’s premier league team Molde, but his
dream of playing professionally for Spurs was dashed when he tore ligaments in
his knee at the age of eighteen. After three years military service he
attended business school and formed the band Di derre ('Them There'). They
topped the charts in Norway, but Nesbo continued working as a financial
analyst, crunching numbers during the day and gigging at night. When
commissioned by a publisher to write a memoir about life on the road with his
band, he instead came up with the plot for his first Harry Hole crime novel,
The Bat.
Fonte:
https://jonesbo.com/jo-nesbo/#videos-DTu2H5VhnJI
– acessado em 18 de Julho de 2018.
Enfim, recomendo
com todas as minhas forças. E isso é raro!
[1] Ou como dito em https://jonesbo.com/harry-hole/
: A cult
figure already after the first book, Hole is a genuine anti-hero; an impossible
character yet impossible not to like.