Skynet é o nome tanto da empresa fictícia da
série de filmes Exterminador do Futuro que gerou a inteligência artificial (IA)
que acaba se rebelando contra os humanos quanto do sistema de geomonitoramento
e vigilância contra ações suspeitas de terrorismo também baseada no tratamento
de dados via IA – e com resultados polêmicos, como pode ser observado aqui - http://atl.clicrbs.com.br/infosfera/2016/02/18/skynet-a-inteligencia-artificial-do-filme-o-exterminador-do-futuro-existe-e-esta-matando-pessoas-entenda/
e aqui https://hypescience.com/skynet-existe/ .
No livro Homo Deus, de Yuval Noah Harari – Ed.
Companhia das Letras – 2016 – 443 páginas – o autor se aprofunda num dos temas
que já havia sido tratado como pilar na obra anterior – Sapiens, já tratada aqui
neste blog. E este gira em torno justamente para que lado a humanidade avança
dado o predomínio do que ele chama Dataísmo – a religião dos dados.
“Uma tecnorreligião mais ousada está buscando
cortar definitivamente o cordão umbilical humanista. A religião (...) que não
venera nem deuses nem o homem – venera dados. Segundo o dataísmo, o Universo consiste
num fluxo de dados e o valor de qualquer fenômeno ou entidade é determinado por
sua contribuição ao processamento de dados. (...) Simultaneamente, nas oito
décadas desde que Alan Turing formulou a ideia da máquina que leva seu nome,
cientistas da computação aprenderam a projetar e fazer funcionar algoritmos
eletrônicos cada vez mais sofisticados. (...) O dataísmo (...) faz ruir a
barreira entre animais e máquinas com a expectativa de que, eventualmente, os
algoritmos eletrônicos decifrem e superem
os algoritmos bioquímicos” - (HARARI, 2016 -págs. 369-370) – grifo nosso.
Como neste blog fazemos um juízo de valor da
qualidade literária das obras, devemos dizer primeiramente que esta encontra-se
um ponto abaixo da anterior. Justamente porque se aproveita desta repetindo uma
série de definições que lá já estavam, como para que introduzir com o devido
embasamento seu tema central – este acima exposto. Levando-se em conta que o
livro tem no total 443 páginas, já contando com índices e bibliografia
consultado (algo que consome 42 páginas) temos em torno de, somente, 30 páginas
de efetiva novidade (aproximadamente 7% de todo o livro). Ou seja, parece uma
perda de tempo - para quem leu o livro
anterior! Um leitor desavisado, que iniciasse sua aventura no mundo de
Harari por Homo Deus não teria uma perda grave de conhecimento.
Fonte: http://caminhandoporfora.sul21.com.br/2017/09/29/sapiens-e-homo-deus-yuval-noah-harari/ |
Vamos, agora, ao tema em si. De uma certa
maneira as 30 páginas cruciais são aterradoras para quem teme o poder que a IA
pode assumir. Tenho amigos que possuem a mesma preocupação – e estão bem
acompanhados de Elon Musk e Stephen Hawking (https://olhardigital.com.br/noticia/google-toma-precaucoes-para-que-sua-inteligencia-artificial-nao-vire-a-skynet/59014).
Porém, se observarmos nosso entorno, a própria Google é um exemplo de como já estamos
inseridos numa caminhada sem volta. Cada vez mais somos surpreendidos com as
facilidades que a tecnologia cria para nossas atividades do dia a dia. A todo
momento somos bombardeados com informações e ofertas que “incrivelmente” são
aderentes aos nossos gostos. Minha esposa sempre pergunta: “Mas como eles sabem
que eu preciso disto, agora, nesse momento!?”, com um olhar atônito para o celular.
Tudo isto tem uma explicação bem simples: o poder
da computação dos metadados, a partir de algoritmos inteligentes, já está chegando
o ponto em que o cineasta James Cameron havia antecipado. “Os dataístas (...)
acreditam que os humanos não são mais capazes de lidar com os enormes fluxos de
dados, ou seja, não conseguem mais refiná-los para obter informação, muito menos
para obter conhecimento ou sabedoria. O trabalho de processamento de dados
deveria, portanto, ser confiado a algoritmos eletrônicos, cuja capacidade
excede muito a do cérebro humano. Na prática, os dataístas são céticos no que
diz respeito ao conhecimento e à sabedoria humanos e preferem depositar sua
confiança em megadados e em algoritmos computacionais” (pág. 371).
Uma pequena pincelada das afirmações
impactantes:
Ø
Segundo o dataísmo, as experiências humanas não
são sagradas, e o Homo Sapiens não é
o ápice da criação (...) [383-384];
Ø
Humanos são apenas instrumentos para a criação
da internet de todas as coisas que eventualmente poderá se estender para fora
do planeta Terra para cobrir a galáxia e até mesmo o Universo (384);
Ø
Esse sistema de processamento de dados cósmico
seria como Deus. Estaria em toda parte e controlaria tudo, e os humanos estão
destinados a se fundir dentro dele (384);
Ø
Os dataístas explicam aos que ainda cultuam
mortais de carne e osso que eles estão excessivamente atrelados a uma
tecnologia ultrapassada. O Homo Sapiens
é um algoritmo obsoleto (384).
Humanos, tremei, portanto. O autor ainda aponta
para alguns mandamentos dessa nova tecnorreligião: (1) Maximizar o fluxo de
dados, conectando-se cada vez mais as mídias, produzindo e consumindo mais e
mais informação; (2) Conectar tudo ao sistema, inclusive hereges que não querem
ser conectados. E “tudo” quer dizer mais que do que humanos. Quer dizer tudo
quanto é coisa. Meu corpo, é claro, mas também os carros na rua, as geladeiras
na cozinha, as galinhas em suas gaiolas e as árvores na floresta – tudo deveria
se conectar à internet de todas as coisas; e (3) não podemos deixar nenhuma
parte do Universo desconectada da grande rede da vida. Inversamente, o maior
dos pecados é bloquear o fluxo de dados. O que é a morte senão uma situação na
qual as informações não fluem? Por isso o dataísmo sustenta que a liberdade de
informação é o maior bem de todos (HARARI, 384-385).
É bom que se diga que o autor não faz uma
defesa do Dataísmo, mas o apresenta como ele se encontra e como está evoluindo
na mente das pessoas, sejam cientistas ou o cidadão comum, este imerso numa avalanche
diária sem se dar conta. Harari mesmo coloca que um “exame crítico do dogma dataísta
seja não apenas o maior desafio científico do século XXI como também o mais urgente projeto político e econômico”
(grifo nosso – pág. 396). Estaríamos assim navegando entre as benesses que o
avanço tecnológico nos traz e o risco de sermos minimizados como espécie que
decide seu próprio futuro. De repente não posso deixar de me lembrar daquela
visão de pessoas reunidas em restaurante, mas dando mais importância em inserir
dados sobre o seu cotidiano – comida, onde estou, com quem estou – nos seus
celulares do que interagindo com os seus amigos.
OBS.: Outro livro que abordou, porém, ainda no
campo ficção, este mesmo tema, é Origem, de Dan Brown, também já resenhado por
aqui.
Dois grandes livros. E o "21 Ideias...", seu novo livro, eh tmb muito bom. From FB
ResponderExcluirEstou ouvindo no Audible, da Amazon. Em inglês. From WhatsApp
ResponderExcluirjoya shoes 929o8kmihw475 joya sko danmark,joya sko norge,joya skor stockholm,joya cipő,joya zapatos,joya schoenen,joya scarpe,joya chaussures,joya schuhe,joya schuhe deutschland joya shoes 142v1htvns741
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