Séries
distópicas infanto-juvenis viraram uma moda no século XXI. Filmes e livros
retratam, em sequência, um futuro pessimista para a humanidade. Catástrofes
naturais, invasões de alienígenas, destruição pelas nossas próprias mãos via guerras
empreendidas, etc. A saga iniciada com a obra “A 5ª Onda”, de autoria de Rick
Yancey não é diferente.
O
livro por mim lido – e agora resenhado, “O Mar Infinito”, é o segundo na
sequência de estórias sobre como alienígenas dominam a Terra buscando a eliminação
da humanidade por intermédio de ataques sequenciados – as “ondas” – efetuados de
diversos modos. Tal lógica remete, de leve, à Bíblia e o relato das 7 pragas do
Egito. Tais alienígenas se fazem presentes tendo, aparentemente, sido
incorporados por humanos desavisados, que “emprestaram” seus corpos para os
invasores.
Este,
porém, é apenas o pano de fundo para mais uma vez revelar heróis precoces –
adolescentes e até crianças (lembraram de “Divergente”?) – que de algum modo
conseguem escapar de seus captores e buscam ser a redenção da espécie humana. Tendo
como aliado de primeira mão o suposto alienígena Evan Walker, dotado de
qualidades sobre-humanas, uma trupe de sete jovens – Ben (Zumbi), Especialista,
Teacup (7 anos) – no primeiro filme da saga o personagem é retratado como uma
adolescente (interpretada pela atriz Talitha Bateman), Cassie, Pão de Ló, Dumbo
(12 anos) e o pequeno Sam (5 anos) – estão isolados logo no início desse
segundo capítulo da saga num hotel abandonado.
Cassie
está apaixonada por Evan Walker, que no final de “O Mar Infinito” causou um
incidente que propiciou a oportunidade da fuga dos demais. E o grupo está reunido,
liderado por Ben – eventual concorrente de Walker pelo coração de Cassie -
apenas no aguardo do surgimento do alienígena-aliado, que havia prometido se
juntar a eles. Porém, como já estão há muito tempo nessa espera, decidem enviar
a adolescente Claire (Especialista) para verificar se existe um espaço mais
seguro para se esconderem junto a cavernas em montanhas próximas. Walker, por
sua vez, tem seus próprios problemas para se juntar ao grupo, que são
deslindados durante a obra.
A
questão colocada pelo autor está vinculada aos dilemas básicos que os
adolescentes e pré-adolescentes enfrentam – confiança, amor precoce,
enfrentamento aos conceitos estabelecidos – com a perspectiva de terem que identificar
uma solução para superarem seres com tecnologia superior, e que estão em vantagem
numérica e tática – afinal, os alienígenas conseguiram se travestir de humanos,
cooptar alguns (ah, os humanos e suas pequenas ganâncias) e incutir a dúvida na
cabeça de todos tanto quanto a quem são seus aliados e quais são seus próximos
passos.
Rick Yancey - www.rickyancey.com |
Assisti
a primeira trama – “A 5ª Onda” – nos cinemas. E a sensação que saí da sala foi
de quero mais. Ter um ator da qualidade de Liev Schreiber no papel do principal
alienígena do mal (Coronel Vosch) ajuda. A segunda obra instigou ainda mais
essa curiosidade, acrescentando elementos interessantes principalmente no terço
final do livro de 248 páginas editado pela Fundamento e publicado no Brasil em
2015. O primeiro terço é dedicado a apresentar as distintas visões de cada um
dos principais personagens sobre a sequência inicial. Assim temos diferentes
narradores, o que cansa a princípio. Gosto mais deste tipo de artifício em romances
policiais e/ou de suspense, que dão sustentação a uma narrativa. Em ficção
científica distópica busca-se mais ação do que discurso. Em que pese o
blábláblá político de “Jogos Vorazes” também ter funcionado.
O
livro ganha em dinamismo quando se concentra em Walker e na Especialista. Esta
última se revela, então, diferentemente do que poderia ter sido entendido pela
obra cinematográfica do primeiro capítulo, personagem central da trama. Para
Cassie Sullivan são reservados novos momentos de protagonismo no terceiro
capítulo, denominado “A Última Estrela” – e devidamente já adquirido para
leitura dentro em breve.
Em
resumo: para um curioso como eu, amante de livros e ficção científica, vale a
pena. Obra para um público específico, portanto. Porém, se alguém for iniciar diretamente
por este segundo capítulo, poderá não ser fisgado de imediato e deverá ter um
pouco de paciência – além de, talvez, para acelerar o processo de imersão, ter
que recorrer ao filme ou livro inicial para melhor se contextualizar.
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